Depois
do adiamento devido ao mau
tempo e à falta de ventos
no sábado, o Rei de Búzios
2003, considerado o maior
desafio da vela brasileira,
finalmente foi realizado
neste domingo (12/10). O
carioca Ricardo Winicki, o
Bimba, provou que é o
melhor windsurfista do
Brasil e, além de
acrescentar mais um
importante título a seu
vitorioso currículo, terá
seu nome gravado num
monumento de 4,5m no pórtico
de entrada da cidade, que
reivindica o título de
Capital Nacional da Vela. No
feminino, a carioca Paula
Newlands, mulher de Bimba,
roubou a coroa da paulista
Valéria Matuck, vencedora
do ano passado e favorita ao
bi.
Neste
domingo o tempo continuou
nublado, com ventos muito
fracos – média de seis nós
–, o que fez com que a
regata de kitesurf fosse
cancelada. Mesmo assim, a
comissão de regata
confirmou a largada do
windsurf para 11h. Mas isso
não foi problema para a vitória
de Bimba, campeão
pan-americano em Santo
Domingo. O iatista teve de
se esforçar ainda mais para
garantir a vitória.
“Ficar três horas em pé
velejando, sem descanso
algum, fez desta uma das
provas mais difíceis da
minha carreira”, disse.
“Em Geribá peguei um
vento em popa com rajadas de
mais ou menos 15 nós,
enquanto os outros estavam
no contra-vento. Ali
consegui uma vantagem muito
grande e garanti a vitória”,
explicou o carioca de 23
anos, que no ano passado foi
o segundo colocado, atrás
do catarinense Wilhem Schürmann.
Enquanto
a maioria dos inscritos usou
pranchas da categoria Fórmula,
Bimba optou por velejar com
um a prancha olímpica
Mistral, por achar o
equipamento mais adequado
para uma regata com pouco
vento. “Foi uma escolha
decisiva porque todos os
outros estavam com pranchas
para vento forte. Meu medo
era que houvesse uma mudança
de vento e eles me alcançassem.
Usei o meu instinto e deu
certo”, acrescentou.
No
feminino, a vitória de sua
mulher, Paula Newlands,
completou a festa de Bimba.
A carioca de 36 anos foi a
única a completar o
percurso, depois de quase
cinco horas, e ficou com a
coroa do desafio. “Passei
mal, enjoei muito e cheguei
a vomitar algumas vezes.
Depois da chuva, além de não
conseguir fazer a prancha
andar, precisei lutar contra
ondas enormes, de até dois
metros. Mas eu não podia
desistir. Eu tinha que
completar este desafio”,
declarou.
O
segundo colocado no
masculino foi o técnico de
Bimba, George Rebello, o Meu
Garoto. Trabalhando com o
campeão pan-americano há
cerca de um ano, ele
comemorou o vice-campeonato.
“Depois de 25 anos de
carreira, um resultado
desses é muito
gratificante. Agora vamos
nos concentrar nos
treinamentos para que o
Bimba garanta uma medalha olímpica
em Atenas”, disse o técnico
de 37 anos.
Em
terceiro lugar ficou o
atleta local Dulter Manhães,
de 17 anos, grande promessa
do iatismo brasileiro, atual
vice-campeão sul-americano
juvenil. “Foi realmente
uma prova dificílima. Mas
quando eu vi que ia chegar
em terceiro me esforcei e
fiz de tudo para
completar”, disse.
O
Rei de Búzios teve início
e término no Búzios Vela
Club (BVC), em Manguinhos. O
percurso de 27 milhas náuticas
traçou um contorno completo
da península da cidade,
passando por 23 praias, de
Manguinhos a Geribá, de
onde os atletas retornaram
ao BVC. Por passar por uma
área de mar aberto e também
fazer com que os
windurfistas encarem, em uma
mesma regata, todo o tipo de
vento, o evento é
considerado o mais radical
desafio da vela brasileira.