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HISTÓRICO
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Assim
como existem diferentes versões para o inventor
do avião, embora todos saibam a verdade sobre o
assunto, até pouco tempo atrás, as opiniões
sobre os inventores do windsurf eram divergentes.
A controvérsia deixou de existir em 1996, quando
uma das mais conceituadas revistas especializadas
do mundo, a American Windsurfer, publicou uma matéria
sobre sua origem, citando como nomes dos
inventores os americanos Hole Schwitzer e Jim
Drake.
Imediatamente após a publicação desta matéria,
tal revista recebeu inúmeras cartas de leitores
que diziam saber a verdadeira versão sobre os
inventores da primeira prancha de windsurf.
O casal Newman e Naomi Darby teria sido responsável
pelo primeiro protótipo de uma prancha à vela.
Para acabar definitivamente com esta divergência
de opiniões, a American Windsurfer foi em busca
da verdade e conseguiu fotos e documentos
incontestáveis, que comprovaram que realmente o mérito
teria sido dos Darby.
Residentes na Florida, Newman, velejador e Naomi,
canoista, na época ainda namorados, desenvolveram
o primeiro protótipo do windsurf em 1963,
incentivados por um desejo de Naomi em colocar uma
vela em sua canoa para navegar mais rápido.
No entanto, apesar de estarem diante de um invento
revolucionário, o casal não foi feliz na
receptividade de sua criação. Mesmo com um bom
investimento em marketing, os gastos com a
montagem de uma fábrica, com advogados, além da
burocracia e gastos para patentear o invento, eles
acabaram desistindo da idéia.
No final da história, quem acabou levando a
melhor foram os amigos californianos Jim Drake e
Hole Schwitzer, que três anos mais tarde, em
1967, fizeram seu primeiro protótipo, um pouco
diferente daquele feito pelos Darby.
No início, um dos maiores problemas enfrentados
para concretizar a idéia, foi descobrir como
conciliar o direcionamento da prancha através da
movimentação da vela, até que perceberam que
qualquer barco poderia ser controlado sem o uso do
leme, apenas com a ação da vela e, que uma
prancha de surf poderia ser direcionada apenas com
a movimentação do corpo. Com esses conceitos em
mente, Jim, engenheiro aeroespacial e velejador,
ficou responsável pelo desenvolvimento da vela e,
Hole, surfista e empresário, com a construção
da prancha.
Financeiramente melhor acessorados, no final de
1968, Hole requereu a patente do invento, a qual só
conseguiu na justiça 13 anos mais tarde.
Finalmente, a primeira prancha de Schwitzer,
chamada de SK-8s, foi feita em fibra de vidro. No
entanto, esse era um material muito caro na época
e, em busca de outras alternativas, Hole descobriu
um tipo de polietileno da Du Pont, que se
interessou em divulgar o novo equipamento pelo
mundo.
Logo foram criadas as primeiras escolas de
windsurf na Alemanha, entre elas a International
Windsurfer School, que utilizou provavelmente o
primeiro simulador em terra de que se tem notícia.
O primeiro grande resultado positivo aconteceu no
início da década de 70, quando a Tencate,
empresa holandesa do setor têxtil, comprou a
licença para fabricar o Windsurfer, nome
patenteado por Hole. A empresa holandesa, aliada
à IWS, transformou o novo esporte em um grande
sucesso, comercializando cerca de 150.000 unidades
entre 1973 e 1978, fazendo com que várias
empresas no mundo inteiro viessem a se interessar
em fabricar tal equipamento, que mais tarde se
tornou esporte olímpico e até hoje evolui de
forma impressionante.
A Windsurfer é até hoje fabricada e existe ainda
como classe homologada pela ISAF, apesar de ter
pouquíssimos adeptos. No sul da Austrália ainda
há competições. Considerada totalmente
ultrapassada em relação às pranchas atuais, tem
seu mérito por ser a precursora desse maravilhoso
esporte.
No final dos anos setenta, quando ocorreu a grande
explosão mundial do esporte, a Prancha à Vela
chegou também ao Brasil, mas tornou-se realmente
popular por aqui quando a Rede Globo transmitiu a
novela "Água Viva", em 1980, onde o
esporte era tema de sua abertura.
A Prancha à Vela tornou-se esporte olímpico em
1981, mas só em 1983, apenas um ano antes de ter
sua estréia nos Jogos Olímpicos de Los Angeles,
foi definida qual classe iria se tornar oficial.
A disputa estava entre a Windsurfer e a Windglider,
ambas da classe chamada Divisão I, que utilizava
pranchas com fundo plano e bolina fixa, sendo esta
última escolhida por ser one design. Utilizava
velas 6,5 e não era permitido o uso do trapézio.
Desenvolvida e fabricada na Europa, a Windglider
foi a classe mais difundida no Brasil e no mundo,
porém, suas pranchas são atualmente usadas
apenas em escolas, devido à grande estabilidade e
flutuação, além de serem indestrutíveis.
Mais tarde, para os Jogos Olímpicos de Seul, em
1988, novamente a escolha da prancha olímpica se
deu na última hora, em 1987.
Desta vez a disputa estava entre dois modelos de
pranchas da classe chamada Divisão II, que tinham
cascos de fundo arredondado e também usavam velas
6,5. Essas pranchas foram projetadas para velejar
facilmente no contravento e em ventos fracos a
medianos. Planavam a partir de 8 knots, porém,
eram muito difíceis de dominar em vento forte.
A disputa pela escolha estava entre a Davidson,
desenvolvida na Suécia e, a Lechner, fabricada na
Áustria, sendo esta última escolhida, dizem, por
pressão do fabricante.
Finalmente, para os Jogos Olímpicos de Barcelona,
em 1992, o Comitê Olímpico Internacional havia
definido qual prancha seria usada com quatro anos
de antecedência, além de incluírem a partir
desta data a Categoria Feminina.
Foi novamente a vez da Lechner, porém com algumas
modificações, mais técnica, agora com vela 7,3
e bolina retrátil, além de possuir um trilho
para correr a mastreação.
A partir dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996,
a prancha escolhida foi a Mistral One Design, também
usada nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000 e
será usada ainda em 2004, embora tenha havido uma
pressão mundial para que a Formula Windsurfing,
classe da Prancha à Vela mais recentemente
criada, que teve seu primeiro mundial em 1999,
passasse a ser a próxima classe olímpica.
Paralelamente, desde as primeiras olimpíadas,
outros modelos de equipamentos começavam a ser
fabricados, surgindo então o Funboard, pranchas
menores, que visavam a diversão, tornando-se mais
tarde uma classe, talvez hoje a que mais tenha
adeptos no mundo devido, exatamente, à grande
diversidade de equipamentos, que não seguem
nenhum padrão de medidas, tendo cada modelo uma
finalidade específica, seja velocidade, passeio,
velejo nas ondas, manobras, etc, havendo regras
específicas para cada tipo de competição.
Os fabricantes de equipamentos investem milhões
no mercado do windsurf, fazendo com que tecnologia
de ponta seja utilizada em pesquisas e
desenvolvimentos de protótipos, criando sempre,
por mais que se pense que tudo já foi inventado,
equipamentos mais modernos, mais eficientes e mais
velozes.
Hoje, aprender a velejar numa prancha à vela é
muito mais fácil que antigamente, quando os
equipamentos eram desenhados praticamente para
velejar em ventos fracos a medianos, as pranchas
eram grandes, as velas instáveis, a mastreação
pesada, não existiam alças para os pés e nem
trapézio.
Estas, sem dúvida, foram duas das maiores invenções
do windsurf, talvez as mais importantes até hoje,
que facilitaram muito o velejo, tornando-o mais
confortável, seguro e divertido.
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